A história que você está escrevendo sem perceber
Entre vinis, livros e um tipo de amor que não morre
Essa semana, eu fiz um bate-e-volta em Curitiba.
Resolvi rapidamente o que precisava e fiquei com tempo extra até o horário do ônibus que me traria de volta.
Decidi andar andar um pouco, espairecer, explorar.
Até que, logo na esquina, encontrei um estabelecimento que há muito tempo não via, e que me chamou atenção.
📚
A vitrine empoeirada, vinis empilhados, capas desbotadas, e o cheiro inconfundível de papel antigo.
Entrei. E de repente, o tempo parou.
⏳
Pensei em como tenho sentido falta disso: de um tempo mais devagar.
Um tempo em que as coisas não precisam acontecer pra ontem.
Em que a gente respira fundo antes de responder uma mensagem. Em que uma carta demora dias pra chegar, mas quando chega, faz o coração tremer.
Fui andando entre os corredores. Passei os dedos pelas lombadas dos livros antigos, como quem cumprimenta velhos amigos.
Um a um, fui abrindo os que me chamavam atenção, e ali dentro, entre páginas amareladas, encontrei várias dedicatórias.
“Para Júlia, com votos de melhora. Que este livro seja companhia nos dias difíceis.”
“Ao amor da minha vida, nesse dia 2 de maio de 1978. Para nunca esquecer do que somos.”
“Te amo, pai. Você é meu herói. Com carinho, sua filha.”
Fiquei ali, parada, segurando uma cápsula do tempo.
Talvez essas pessoas nem estejam mais nesse plano. Mas estavam ali. Eternizadas.
Na caligrafia tremida. No carinho silencioso das palavras. No afeto que resistiu ao desgaste do tempo.
E sabe o que pensei?
Essas histórias podem ter acabado, mas em algum lugar do espaço-tempo… essas pessoas ainda existem.
O amor existe. O carinho. A intenção.
O momento exato em que alguém entregou aquele livro pra outra pessoa, desejando o bem, a cura, a companhia.
Me veio uma lembrança interessante.
Às vezes, vou até a varanda do meu apartamento e fico observando as pessoas do prédio da frente como se cada janela fosse um universo.
A moça que rega as plantas toda manhã.
O cara do violão que provavelmente só toca Raul (ou Legião Urbana).
O senhorzinho de terno que almoça na varanda, sem celular.
Tudo era como aquele sebo.
Cada janela, uma vida. Cada livro, uma história.
E eu, ali, observando, me envolvendo, me encantando.
Mas hoje, me veio um pensamento diferente.
A gente não veio só pra observar. A gente pode escrever a nossa própria história.
Mesmo que ninguém leia.
Mesmo que nunca vire um filme.
Mesmo que nosso livro fique perdido numa prateleira empoeirada do tempo.
Ainda assim, podemos ser o nosso próprio leitor fiel.
Aquele que torce por nós.
Que vibra a cada virada de página.
Que não quer que a história acabe, mas torce por um final feliz.
Então, se hoje você também estiver com saudade de um tempo mais lento, mais humano, mais verdadeiro…
Se estiver se sentindo um pouco fora do eixo, da pressa, da gritaria…
Respira.
E lembra: você está escrevendo uma história. Agora mesmo.
Mesmo em silêncio. Mesmo com dúvidas.
Mesmo aos pouquinhos.
A história da sua vida é feita momento a momento.
Que a gente queira, sim, um final feliz.
Mas que, acima de tudo, a gente escreva - e viva - uma história tão linda, que faça cada página valer a pena.
Que seja tão viva, tão cheia de alma, que um dia alguém encontre, leia…
…e sinta vontade de abraçar o livro.
Que esse alguém seja você.
Com amor, ❤️
Aline
💭 Agora me conta:
Que dedicatória você escreveria, para si mesma, no livro da sua vida?
Responde aí nos comentários!
Um beijo e até a próxima carta! 💋
Uau! Que presente poder ler essas páginas ♥️
Fui junto com você nessa viagem. Absolutamente transportada. Obrigada! Essa carta foi poderosa, vívida e arrebatadora. Amo a sua visão de mundo e a forma como escreve, detalha e trás corpo e vida para cada detalhe. Parabéns e continue. Sucesso.